Olho para trás e vejo aquilo que deixei de ser.
Era imprudente, não pensava duas vezes, sonhava demais e achava que tinha o mundo nas mãos.
Enfrentei muitos dédalos, charfurdei em hesitar e percebi que não era por aqui que eu queria seguir.
Bebia para esquecer os dias solitários, já me tinha habituado a esta vida com sentido.
Porque nós só podemos amar alguém quando nos amamos a nós primeiramente.
Talvez ninguém entenda este meu estilo de vida. Nem hoje nem amanhã.
Mas eu também não quero que ninguém compreenda.
O meu coração é o muro de Berlim.
Até ao momento em que tu me tiraste todas estas razões para viver.
Que me fizeste entender que há mais para além disto.
Que aquilo que achava suficiente para mim é pouco para eu poder ser feliz.
O nosso amor é etéreo e essa é a única certeza que tenho.
Nós somos mais do que os nossos próprios sonhos.
Deixei de ser eu para poder ser um eu melhor.
Contigo, do meu lado.


A vontade de correr faz com que eu tire os pés do chão.
Por vezes sinto que vou voar a qualquer momento, até que volto a colocar os joelhos na terra
E sei que estou mais vivo do que nunca.
São pequenos momentos de pensamentos eternos, que se evaporam
Quando eu me olho ao espelho e reconheço-me como eu pior inimigo.
Mas isso pouco me importa. Já me habituei a mim próprio e sei que nada mais posso fazer.
A não ser que conte até cem e que tu apareças por detrás do vento.
Porque a transparência do nosso amor transcende o âmago das nossas peles.
Somos incolores, somos amor sem razão, somos aquilo que não conseguimos definir.
E tu és o significado de tudo aquilo que sonhava à noite. És aquilo que eu planeava e eu não via.
És quem comigo luta pela vida, és quem atravessa a tempestade como todas as grandes personalidades da História.
És o ensinamento. O ar que eu gostava de respirar. A coragem desmedida e sem medo do desconhecido.
És quem eu não quero esquecer quando um dia partir.
E é essa sensação louca que me faz perceber o quão a vida é uma passagem.
E ou partimos em busca daquilo que nos faz feliz, ou acabamos no dia seguinte por estarmos num caixão.
A vida é só uma. E a tua é a mais preciosa que possa existir.



Muitos gostam de frases feitas e perguntam-me sem medos:
Quem eu sou? Para onde vou? Qual o caminho a seguir?
Atordoado, percebo que não essas as perguntas que quero responder.
Mas simplesmente onde é que a felicidade reside?
Porque o caminho a seguir não está escrito em nenhum lado.
Sente-se. Como eu sinto neste momento o tempo que me apazigua em retinos.
Porque eu prefiro subir montículos e ser feliz, do que chegar ao Everest e perceber que nada em mim significou.
Ressentimentos e arrependimentos todos nós os temos. Mas cabe a um de nós continuar a tê-los.
O tempo faz também a sua parte. Despoja-nos de loucuras e apresenta-nos a sua beleza em lealdade.
E eu dissipo cada memória que me traz com outras tantas novas.
Este é o meu pleito: rasgar tempestades, fugir aos padrões da etiqueta
E desejar a todos aqueles que têm coração uma vida boa e longa!
Só quando fazemos o bem e desejamos o mesmo aos outros que os nossos acabam por ser proferidos
E a nossa alma gira com o vento.
Como um suspiro que quer a felicidade.
Como uma criança que quer um brinquedo.
Faz parte de nós. Faz parte de mim.
Porque o meu destino é ir e ficar.


Sou um homem que quer, que deseja, que ambiciona.
Sou um homem que já maculou e que agora vive no expoente do seu âmago.
Respiro, insisto e, hirto, sigo em frente à procura de um fim.
À procura de um caminho desconhecido, de ruas vazias, 
Daquelas que eu não sei os seus segredos nem elas sabem o meus.
Quero viver tudo de novo. Não voltar atrás, mas ter mais uma vida para desfrutá-la.
Abandonar todos aqueles que amo para depois voltar no dia seguinte e vê-los de novo com uma esperança.
Quero beijar todos aqueles que me desejam mal, porque o bem gera o bem.
Muitos me poderão dizer que estou doente da cabeça, 
Mas é esta vontade vibrante que me faz refulgir e encarnar-me numa fénix.
Porque a parca não tem que ser necessariamente má. 
Podemos evoluir e apercebermo-nos o quão primitivos éramos nós e os nossos sentimentos.
Quero-me de novo. Quero-me numa pele nova. 
Quero acordar e perceber que posso viver este dia duas vezes.
Quero dar ordens a Reis e Rainhas, quero-me com todas as falhas,
Quero errar e aprender sem medos, para mais tarde ser alguém.
Talvez tudo isto seja um exagero, mas eu exagero sem saber.
Até mesmo quando faço um assalto a dormir.
Porque o que há entre a luz e a escuridão é uma mera coincidência
Da verdade das nossas palavras.
De nós.
Do mundo.


O âmago da minha carne. Tudo o que me atordoa e que me faz ser vulnerável.
A agonia de um gemido. E a ténue luz que se retine entre os meus ossos.
Eu parti o meu coração. O meu coração partiu-se. 
E partido o meu coração despoja-se de verdades,
De rasgos de brilhos, de resquícios de sonhos perdidos.
Prostrei-me no chão. E derreado encontrei novamente a essência do meu Eu.
Uns esfaimados pelas aureolas, pelas glórias sem coração, 
E eu sem rumo tento perceber para onde fugiu a minha ingenuidade.
Cada desilusão é como se fosse uma arma lacerante, que me atravessa,
E que me leva a acreditar que estou a morrer para nascer de novo.
Este é o meu pleito: ou nasço por amor, ou morro em dor.
Porque não as duas coisas? Porque não viver por inteiro, das duas maneiras?
Ser humano não é ser isto? Sentir não é um diapasão do coração?
Esqueci meu passado, fugi do meu presente e agora faço parte desta terra sem sabor.
Crispo os membros do meu corpo e aguardo pelo meu renascimento.
O esterco aventura-se sobre mim e eu não encontro um rumo.
As brumas invadem-me e eu sei que o inevitável não pode ser mais protelado.
O fim do meu início está prestes a acontecer.
E eu serei sobejamente sentimentos. 
Vida.


Procurei-te. Se há alguém que procurei... foste tu.
Li no teu sorriso o meu mais profundo desejo... poder amar sem receios.
Conheci cada detalhe das minhas têmporas e rasguei-me aos bocados,
Para te entregar o mais profundo ser.
Respiro, suspiro, sempre contigo em meus pensamentos,
Nos meus silêncios escuros, apenas meus, que são agora partilhados contigo,
Em sonhos, mesmo quando estou acordado sem saber.
A distância não é problema, quando é nos teus olhos que eu me perco,
Em que eu te tenho por perto sem que realmente estejas.
Porque o amor irradia sobre a minha pele,
E faz de mim um homem de força e coragem,
Capaz de defrontar cada jornada num único destino.
No futuro nosso, lado a lado.
Porque esse é o significado dos nossos dias.
Abraçar o amor, proteger-te nos meus braços,
E ser teu num dia de sol ou de chuva,
Junto da nossa música, que permanece em nós,
E que faz de nós apenas...
Autênticos.


Podem-me dizer que amar é difícil. Eu cá considero que é fácil.
Quando um coração se entrega ao outro, sem medos nem preconceitos.
Quando tudo parece simples e tudo o resto dissipa-se.
Quando nós olhamos para uma pessoa e achamos que ela é simplesmente diferente.
E é aí que todas as respostas são cumpridas.
Amar alguém é fácil. É tão fácil como respirar.
Faz parte de nós, fica dentro da nossa pele, dos nossos músculos, dos nossos ossos.
É fácil que muitas vezes tendemos a tornar tudo difícil. 
Preocupamo-nos mais a tornarmos isto um problema, quando é o amor que une.
E quem não ama faz dele uma guerra. 
Porque não ama alguém como outras pessoas se amam incondicionalmente.
Amar é fácil. As pessoas são complicadas.
E a vida é uma passagem.
Fim da história.


O caminho é longo. O tempo também é longo.
Tudo parece-me tão perto mas ao mesmo tão longe, que eu nem consigo acreditar.
É como todas as minhas se tivessem evaporado,
Que eu não tivesse mais forças para escrever,
Que afinal a escrita não é o meu verdadeiro respirar.
Constantemente tudo aquilo que eu penso não se concretiza, 
E eu castigo-me, maltrato-me.
Sinto falta de todos estes detalhes que faziam sentido em mim,
Mas eu nem sei se já consigo resgatar os pequenos detalhes que eu guardava.
Todos me dizem o contrário do que eu faço. A determinação parou.
Terminou depois de tantos falhanços nesta vida.
E aquilo que eu mais sei fazer é permanecer fechado em mim,
E eu escondo-me de todas as conquistas que eu podia alcançar.
Talvez pudesse ter tudo, talvez todos apostassem em mim tudo,
Mas aquilo que faço é rigorosamente nada.
Sempre ouvi dizer que o caminho faz-se com tempo,
Mas o meu tempo esgotou-se, estagnou.
Agora sou só eu e ruídos, ruídos e eu.
E eu sei que para além de mim não há mais do que escuridão.
Estou cansado da monotonia. Estou cansado de mim.
Estou cansado de não ter nada.