O meu coração gelou por alguns instantes. Será que cheguei a morrer? Será que ainda estou vivo?
Onde estão todas as pessoas que me deram a mão um dia? Onde está a mácula das pessoas que se aproveitaram de mim?
Onde estou eu? Que sítio é este? Onde é que fui realmente enterrado?
Não. Eu estou vivo. Consigo agarrar esta terra que me fascina com as minhas mãos.
Sinto a maresia a infiltrar-se nas minhas têmporas e a rasgar-me em utopias reais.
Serei uma ilusão? Estarei no céu ou no inferno? Será que há inferno pior daquele que passei?
Tenho a certeza: passei as chamas. Deixei-te para trás.
Tive que abandonar quem um dia me fez tão mal, tive que te deixar ir.
E, mesmo assim, não imaginas do quanto me custou ir sem me despedir.
Rezei. Eu, que nem tinha fé, agarrei-me a ela e rezei muito.
Só anseio que aquilo que se passou comigo não aconteça com mais ninguém.
Que sejas livre de uma vez por todas e que não te engulas na escuridão que outrora os teus olhos eram.
O futuro está aí. Eu estou mudado, espero que um dia também tu mudes.
Lutei por mim mesmo.
Luta tu também por ti e pela tua felicidade.
Todos sabemos a verdade. E a minha verdade encontra-se no meu coração.
Adeus.
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