Batimentos

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Mas quem sou eu? Onde se ufanam as minhas emoções?
Um espírito selvagem arriscou-se a invadir-me, e eu perdi-me.
Estou tão vazio que já nem derramo os meus demónios, em devoções.
E o meu alardear foi ingrato, porque me deixei vencer em melodias.

Inspiro-te em brumas, em prosas laceradas, em meus tristes «azares».
Até o fado que me enchia o peito desapareceu, separei-o em palavras…
Agora? Agora só escrevo rabiscos inúteis, em sombrias cores
Que me tentam dissipar sensações. Tudo isto enquanto me tento encontrar…

E, sinceramente, nem eu próprio me quero possuir, me quero ter.
Porque já te tenho em mim. Já nada mais me transcende, me fere.
Só tu, com esse teu olhar de soslaio, que me tenta enlouquecer, de prazer.
Unicamente, deixa-me o teu cheiro, o teu toque. E une-te a mim.

Eu? Eu sinto-me sóbrio. Nunca me senti tão vivo, tão autêntico, tão real.
(Nem vale a pena beliscares o meu braço... Todo eu já estou beliscado.)
Apenas, em gestos de poesia e em negras seduções, dá-me o essencial.
Apenas: eu e tu. E o mesmo bater. O nosso coração, em batimentos.

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  1. Lindo texto! Ameiii

    |BATIMENTOS|
    "(...) Só tu, com esse teu olhar de soslaio, que me tenta enlouquecer, de prazer.
    Unicamente, deixa-me o teu cheiro, o teu toque. E une-te a mim."
    Perfeito!!
    Parabénssss

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